Armação Baleeira
Aqui, as edificações criam os cenários reais. Aqui, as oficinas líticas ressoam com seu passado milenar. É onde os povos antigos deixaram sua marca. Aqui em uma simples caminhada se contempla uma paisagem de cartão postal. Aqui nessa enseada protegida, a forte conexão com o mar moldou a nossa história.
Sugestão de fundo musical:
Compreender a formação desse espaço que já foi um dia uma armação baleeira é reviver momentos da história do Brasil. Como bônus, os restaurantes, lojas de artesanato e de produtos locais fazem da sua visita um momento atemporal e de grande experiência cultural e artística.
A caça a baleia franca e o processo industrial de seus produtos, como a gordura (óleo), teve grande destaque na Revolução Industrial global e na ocupação do litoral brasileiro.
Antes do petróleo, as baleias eram visadas como fonte de óleo e derivados. Essas extraordinárias criaturas marinhas eram amplamente caçadas e trazidas para a costa onde seu óleo era extraído para uso na iluminação de forma geral, além da produção de sabão, velas, curtimento de couro, fabricação de mobília, uso em cosméticos e até uso nas construções (não estrutural, mas sim como selante, impermeabilizante, isolante de humidade, como revestimento contra a corrosão do sal, etc). Para esse processo de exploração da baleia se instalaram em várias regiões litorâneas as armações baleeiras.
Era uma estrutura para a realização do trabalho com o corpo da baleia e a sua manufatura. Lá a mesma era aberta para a retirada da gordura e processada em engenho de frigir (caldeiras de ferro onde se cozinha os pedaços da baleia). Além das construções para o trabalho dedicado a fabricação do óleo tal instalação envolvia uma séria de edificações, como as que são apresentadas na planta(plano) da armação de Garopaba. Haviam desde a senzala, precária instalação destinada aos escravizados(as) que atendiam à demanda dos portugueses nos trabalhos braçais, a capela cristã e o casarão para o administrador da armação baleeira.
Com o nome de Armação São Joaquim de Garopaba, instalada entre 1793/1795 e funcionando até 1837/39 além de parte das edificações, alguns registros da época foram salvos e documentadados, para apresentar ao nosso presente como era a planta da armação e a paisagem no seu entorno, visto na pintura do Debret, conectando hoje esse passado com a atual Garopaba.
A planta da armação baleeira
Plano da armação de Garopaba, situada na costa da terra firme, pertencente a freguesia da enceada de Britto, 1799
Desenhado no Archivo Militar em 1829 pelo Ten E. Koeler, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com legenda, com rosa dos ventos, escala em braças, bom estado, medindo 65cm x 58,5cm.
Localização: 08.02.1746
Acervo: Ministério da Defesa do Exercíto Brasileiro.
DEP - DAC Arquivo Histórico do Exército divisão de história. Mapoteca II. Série: Sul - Subsérie Santa Catarina.
Para ver em detalhes a planta clique na imagem ou aqui.
A aquarela de Debret
Obra produzida pelo artista Debret 1828
Nome da obra: Villa-Nova
Debret, foi um pintor, desenhista e professor francês. Em 1828 numa missão pelo Brasil, criou essa aquarela, denominada: Villa-Nova . A área retratada na obra é a enseada de Garopaba. No horizonte as ilhas da paisagem da enseada e em primeiro plano a direita é possível ver a armação baleeira. Junto há ossos de baleia e na esquerda há vegetação da restinga e as dunas.
Informações:
Autor: Jean Baptiste Debret
Ano: 1828 C.
Aquarela: 8,2cmx23,2cm
MEA 0107 Fotógrafo: Horst Merkel Todos os direitos da imagem pertencem aos Museus Raymundo Ottoni de Castro Maya/IBRAM/MinC